5 anos da tragédia

Prefeitura adia demolição do prédio da Kiss

Camila Gonçalves

Foto: Deise Fachin (Divulgação)
Prefeito assumiu o compromisso em reunião com o presidente da AVTSM e com o advogado que representa associação

A expectativa inicial de que o prédio da boate Kiss fosse demolido no mês que marca os cinco anos da tragédia foi substituída pela expectativa pelo desenrolar jurídico do caso. Na tarde desta quinta-feira, o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobon, assumiu o compromisso de suspender a destruição do imóvel até o julgamento do recurso pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que decidirá se os réus do processo criminal irão ou não a júri popular. Os advogados que atuam na assistência de acusação em nome da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Pedro Barcellos Júnior e Ricardo Breier, querem levar os jurados para inspecionar o prédio, caso os réus sejam julgados pelo Tribunal do Júri. A formalização da suspensão contou com a presença do presidente da AVTSM, Sérgio da Silva, e do advogado Pedro Barcellos Júnior.

O local deve ser transformado em um memorial em homenagem às vítimas da Kiss, e contará com um apoio importante a partir de sábado. O prefeito confirmou a assinatura de um Termo de Cooperação com a Organização das Nações Unidas (ONU), que vai colaborar com a captação de recursos para a construção da obra. No sábado também será lançado o edital para a inscrição de arquitetos interessados em desenvolver o projeto (confira a programação abaixo). O projeto arquitetônico vencedor será escolhido por meio de um concurso público nacional de arquitetura promovido pela Associação, pela prefeitura e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil-RS (IAB-RS). O local ficará preservado mesmo quando for escolhido o projeto arquitetônico vencedor.

Campanha em homenagem às vítimas da Kiss pede que lojas sejam decoradas em branco

A prefeitura havia encaminhado o processo de demolição em outubro de 2017. O prefeito Jorge Pozzobon disse que trata-se de uma matéria jurídica, e que a administração municipal "não vai se meter" nessa questão.

- Sabemos que Santa Maria quer virar essa página, mas estamos reafirmando nosso compromisso de trabalhar em sintonia com a Associação. Vamos demolir o prédio assim que esgotar a questão jurídica - afirmou Pozzobom.

O prefeito garantiu ainda que não haverá custos da demolição para a prefeitura, e que já está em contato com empresas da área da construção civil e com o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Santa Maria (Sinduscon) a fim de firmar parcerias.

O presidente da AVTSM, Sérgio da Silva, elogiou o apoio da prefeitura às demandas dos familiares:

- Tudo isso que está acontecendo hoje é iniciativa dele (Pozzobon), a questão do apoio aos familiares, a questão da desapropriação. O prefeito abriu esse espaço, que é uma obrigação da prefeitura de proteger as demandas do cidadão.

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A suspensão do processo de demolição não é definitiva, de acordo com Barcellos. Ele afirma que, se a decisão da Justiça sobre o caso for muito lenta, o acordo pode ser revisto.

- Se demorar muito (o julgamento do recurso), podemos renegociar se (a suspensão) vai ser mantida ou não. Se o prédio começar a ficar em ruínas e vir a causar transtorno ou se ocorrer qualquer acontecimento que coloque em risco a população, a gente pode não manter - acrescentou o advogado.

Foto: Lucas Amorelli (Diário)
Enquanto isso, fachada do prédio ganha novo conceito

NOVA ARTE

Enquanto aguarda a escolha do projeto que promete transformar o local da tragédia em um memorial, a Associação planeja um novo tema para estampar a fachada do prédio. Desde a quarta-feira, o artista Deivison Lima, de São Pedro do Sul, trabalha um novo conceito que substitui o tema "abrace". O termo remetia à campanha de arrecadação de fundos para o concurso. O tema dará lugar à máxima "união dos povos". Na tarde desta quinta-feira, quem passava pela Rua dos Andradas já via algumas pistas do desenho trazendo rostos e silhuetas de pessoas. A ideia é que as paredes amanheçam, no sábado, com a nova arte.


PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira

  • 20h30min - Exibição do documentário "Depois Daquele Dia", de Luciane Treulieb, irmã de João Aloísio Treulieb, vítima da tragédia. A produção é da TV OVO, na Praça Saldanha Marinho
  • 21h30min - Caminhada iluminada por velas, da Praça Saldanha Marinho até o imóvel em que funcionava a boate, na Rua dos Andradas
  • 22h45min - Cânticos e orações
  • Meia-noite - Vigília em frente ao prédio da boate

Sábado

  • 9h - Lançamento do concurso público de projetos arquitetônicos para a construção do Memorial às Vítimas da Kiss, com abertura das inscrições, no Salão Azul do Conjunto 1 da Unifra 
  • 10h - Apresentação "Cinco anos de busca por Justiça", com o diretor jurídico da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Paulo Carvalho
  • 17h20min - Corneteiro da 3ª Divisão de Exército (3ª DE) fará uma homenagem às vítimas da tragédia, com "O Toque de Silêncio (também conhecido como Taps)", na Praça Saldanha Marinho
  • 17h30min - A jornalista Daniela Arbex fala sobre seu livro "Todo Dia a Mesma Noite"
  • 17h40min - IAB/RS faz apresentação sobre o concurso público para o Memorial às Vítimas da Kiss
  • 18h _ Representante da Organização das Nações Unidas (ONU) fala sobre a participação da entidade na construção do Memorial
  • 18h20min - Diretor jurídico da AVTSM, Paulo Carvalho, e o advogado da AVTSM, Pedro Barcellos Jr., abordarão as violações dos direitos humanos pelo Estado brasileiro, em especial no caso Kiss
  • 18h50min - Homenagens do Coral Illumina, do cantor Beto Pires, da Moça dos Gestos e da Royale Escola de Dança
  • 19h45min - Presidente da AVTSM, Sergio da Silva, fala aos presentes
  • 19h50min - Culto ecumênico
  • 20h30min - Toque de sinos para lembrar as vítimas da tragédia
  • 21h - Soltura de balões por familiares de vítimas, seguida pelo toque de corneta por um integrante da Base Aérea de Santa Maria e pela cantora Deborah Rosa

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